Enunciado da primeira questão da Avaliação Parcial da 2a Unidade (leiam com atenção)
Queridos e queridas,
Como mencionado anteriormente, segue abaixo o enunciado da 1a questão relativa à Avaliação Parcial da 2a Unidade do curso: nesta questão, abordo itens relativos à última sessão do curso, especialmente focadas na passagem das questões de "isotopia" textual e na especificidade que ela assume para o discurso narrativo - como explicitação de "porções de fábula", no modo como as pensam os autores da unidade que abordam estas questões, de maneira direta ou indireta (ver referências bibliográficas, mais abaixo).
Para além disto, peço que também examinem as notas de base dessa exposição em especial, na qual abordo o problema da isotopia narrativa, como correlata à noção dos sistemas de disjunções que ocorrem no plano da intriga, especialmente na perspectiva trazida por autores como Roland Barthes, Umberto Eco e Ugo Volli, discrimiandos nas referências bibliográficas, logo abaixo. Especial atenção deve se dar às questões da função dos "códigos proairéticos" do discurso narrativo, que governam a mediação entre disjunções e resoluções dos episódios de uma história.
Segue então o enunciado da questão, destacado em negrito:
“...uma narração é uma descrição de ações que requer para cada ação descrita um agente, uma intenção do agente, um estado do mundo possível, uma mudança com sua causa e o propósito que a determina; a isto poderíamos acrescentar estados mentais, emoções, circunstancias; mas a descrição é relevante (diríamos: conversacionalmente admissível), se as ações descritas são difíceis e somente se o agente tem uma escolha óbvia sobre o curso de ações a empreender a fim de mudar o estado que não corresponde aos próprios desejos; e os eventos que se seguem a esta decisão devem ser inesperados e alguns deles devem parecer inusuais ou estranhos.” (Eco, "Estruturas narrativas", In: Lector in Fabula, p. 90).
"Se não há sucessão, também não há narrativa, mas somente descrição, dedução ou efusão lírica. Se não existe integração na unidade de uma ação, não há narrativa, mas apenas pura cronologia, ou enunciação de fatos não-coordenados; finalmente, se não existe interesse humano (ou se os eventos citados não são produzidos por sujeitos humanos ou antropomórficos), não há narrativa, ‘visto que somente em relação a um plano humano é que os eventos tomam sentido e se organizam em uma série temporal estruturada.’” (Volli, "Histórias", In: Manual de Semiótica, p. 113).
"...a análise dos contos permitiu destacarem-se as grandes ações, as articulações primordiais da história (contratos, provas ou aventuras por que passa o herói); mas na narrativa literária (...) resta uma multidão de ações miúdas, de aparência muitas vezes fútil e maquinal (bater uma porta, travar uma conversa, marcar um encontro, etc.): deve-se acaso considerar essas ações subsidiárias como uma espécie de fundo insignificante e subtraí-las à análise sob o pretexto de que é evidente e natural que o discurso as enuncie para fazer a ligação entre duas ações principais?" (Barthes, "As sucessões de ações", In: A Aventura Semiológica, p. 154)
"Qualquer que seja a sua pouca importância, sendo composta de um pequeno número de núcleos (...), a sequência comporta sempre momentos de risco, e é isto que justifica a análise: poderia parecer irrisório constituir em sequência a série lógica dos pequenos atos que compõem o oferecimento de um cigarro (oferecer, aceitar, acender, fumar); mas é que, precisamente, em cada um destes pontos, uma alternativa, e pois uma liberdade de sentido, é possível (...). A sequência é, portanto, caso se queira, uma unidade lógica ameaçada: é o que a justifica, a mínimo." (Barthes, "Introdução à análise estrutural da narrativa", in: Análise Estrutural da Narrativa, pp. 41-42)
BARTHES, Roland. "Introdução à análise estrutural da narrativa". In: Análise Estrutural da Narrativa;
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