Enunciado da 3a e última questão da Avaliação Parcial da 2a Unidade do curso (leiam com atenção!!!)

Queridos e queridas, 

Como prometido, segue o enunciado da 3a e última questão da Avaliação Parcial da 2a unidade do curso, para apreciação de todos: ela versa sobre o tópico da "narração" - ou de seus correlatos, como "Voz" (na perspectiva de Genette) ou "enunciação" narrativa (para Benveniste). E como nas questões anteriores, implica uma correlação entre os conceitos postos em jogo e um conjunto de materiais a ser examinado por aqueles que se dedicarem a respondê-la. Segue o enunciado, destacado em negrito:

3. Considere as seguintes passagens de textos de Émile Benveniste, Gérard Genette e Roland Barthes, todos relativos ao tópico da "narração", especialmente centrada na questão da subjetividade do discurso narrativo:

"Ora, ao menos em nosso ponto de vista, narrador e personagens são essencialmente 'seres de papel'; o autor (material) de uma narrativa não se pode confundir em nada com o narrador dessa narrativa; os signos do narrador são imanentes à narrativa e, por conseguinte, perfeitamente acessíveis a uma análise semiológica ; mas, para decidir que o próprio autor (...) disponha de 'signos' com os quais salpicaria sua obra, é necessário supor entre a 'pessoa' e sua linguagem uma relação signalética que faz do autor um sujeito pleno e da narratva a expressão instrumental dessa planitude: quem fala (na narrativa) não é quem escreve (na vida) e quem escreve não é quem é." (BARTHES, Roland, "Introdução à análise estrutural da narrativa": p. 50)

"A que, então, se refere o eu? A algo de muito singular, que é exclusivamente linguístico: eu se refere ao ato de discurso individual no qual é pronunciado e lhe designa o locutor. É um termo que não pode ser identificado a não ser dentro do que, noutro passo, chamaremos de uma instância de discurso, e que só tem referência atual. A realidade à qual ele remete é a realidade do discurso. É na instância de discurso na qual eu designa o locutor que este se enuncia como 'sujeito'. É portanto verdade, ao pé da letra, que o fundamento da subjetividade está no exercício da língua." (BENVENISTE, Émile. "A subjetividade na linguagem". p. 288)

"A escolha do romancista não é feita entre duas formas gramaticais, mas entre duas atitudes narrativas (...): fazer contar a história por uma de suas 'personagens' ou por um narrador estranho a esta história. A presença de verbos na primeira pessoa num texto narrativo pode, pois, reenviar para duas situações muito diferentes, que a gramática confunde mas que a análise narrativa deve distinguir: a designação do narrador enquanto tal por si mesmo (...) e a identidade de pessoa entre o narrador e uma das personagens da história." (GENETTE, Gérard, "Voz", p. 243) 

À luz das questões trazidas por estas passagens, avalie as diferenças de organização narrativa entre as seguintes sequências:

High Fidelity (2000), dir. Stephen Frears

Stranger Than Fiction (2008), dir. Marc Forster

Fleabag, "Season 2, Episode 3" (2019), dir. Harry Bradbeer

Analise nesses segmentos de filmes e episódios de séries as diferenças entre os modos de se construir a instância narrativa da transmissão da história, especialmente em vista do modo como cada uma delas define. relação entre uma voz condutora dos segmentos e a eventualidade de que esta "voz" coincida ou não com a figura de um agente narrativo situado no plano da fábula. 

Abraços,

Benjamim

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