Avaliação Parcial da 2a Unidade do curso (leiam com atenção!!!)
Caros e caras,
“...uma narração é uma descrição de ações que requer para cada ação descrita um agente, uma intenção do agente, um estado do mundo possível, uma mudança com sua causa e o propósito que a determina; a isto poderíamos acrescentar estados mentais, emoções, circunstancias; mas a descrição é relevante (diríamos: conversacionalmente admissível), se as ações descritas são difíceis e somente se o agente tem uma escolha óbvia sobre o curso de ações a empreender a fim de mudar o estado que não corresponde aos próprios desejos; e os eventos que se seguem a esta decisão devem ser inesperados e alguns deles devem parecer inusuais ou estranhos.” (Eco, "Estruturas narrativas", In: Lector in Fabula, p. 90).
"Se não há sucessão, também não há narrativa, mas somente descrição, dedução ou efusão lírica. Se não existe integração na unidade de uma ação, não há narrativa, mas apenas pura cronologia, ou enunciação de fatos não-coordenados; finalmente, se não existe interesse humano (ou se os eventos citados não são produzidos por sujeitos humanos ou antropomórficos), não há narrativa, ‘visto que somente em relação a um plano humano é que os eventos tomam sentido e se organizam em uma série temporal estruturada.’” (Volli, "Histórias", In: Manual de Semiótica, p. 113).
"...a análise dos contos permitiu destacarem-se as grandes ações, as articulações primordiais da história (contratos, provas ou aventuras por que passa o herói); mas na narrativa literária (...) resta uma multidão de ações miúdas, de aparência muitas vezes fútil e maquinal (bater uma porta, travar uma conversa, marcar um encontro, etc.): deve-se acaso considerar essas ações subsidiárias como uma espécie de fundo insignificante e subtraí-las à análise sob o pretexto de que é evidente e natural que o discurso as enuncie para fazer a ligação entre duas ações principais?" (Barthes, "As sucessões de ações", In: A Aventura Semiológica, p. 154)
"Qualquer que seja a sua pouca importância, sendo composta de um pequeno número de núcleos (...), a sequência comporta sempre momentos de risco, e é isto que justifica a análise: poderia parecer irrisório constituir em sequência a série lógica dos pequenos atos que compõem o oferecimento de um cigarro (oferecer, aceitar, acender, fumar); mas é que, precisamente, em cada um destes pontos, uma alternativa, e pois uma liberdade de sentido, é possível (...). A sequência é, portanto, caso se queira, uma unidade lógica ameaçada: é o que a justifica, a mínimo." (Barthes, "Introdução à análise estrutural da narrativa", in: Análise Estrutural da Narrativa, pp. 41-42)
2. Considere as seguintes afirmações dos textos de Roland Barthes, Ugo Volli e Umberto Eco:
3. Considere as seguintes passagens de textos de Émile Benveniste, Gérard Genette e Roland Barthes, todos relativos ao tópico da "narração", especialmente centrada na questão da subjetividade do discurso narrativo:
"Ora, ao menos em nosso ponto de vista, narrador e personagens são essencialmente 'seres de papel'; o autor (material) de uma narrativa não se pode confundir em nada com o narrador dessa narrativa; os signos do narrador são imanentes à narrativa e, por conseguinte, perfeitamente acessíveis a uma análise semiológica ; mas, para decidir que o próprio autor (...) disponha de 'signos' com os quais salpicaria sua obra, é necessário supor entre a 'pessoa' e sua linguagem uma relação signalética que faz do autor um sujeito pleno e da narratva a expressão instrumental dessa planitude: quem fala (na narrativa) não é quem escreve (na vida) e quem escreve não é quem é." (BARTHES, Roland, "Introdução à análise estrutural da narrativa": p. 50)
"A que, então, se refere o eu? A algo de muito singular, que é exclusivamente linguístico: eu se refere ao ato de discurso individual no qual é pronunciado e lhe designa o locutor. É um termo que não pode ser identificado a não ser dentro do que, noutro passo, chamaremos de uma instância de discurso, e que só tem referência atual. A realidade à qual ele remete é a realidade do discurso. É na instância de discurso na qual eu designa o locutor que este se enuncia como 'sujeito'. É portanto verdade, ao pé da letra, que o fundamento da subjetividade está no exercício da língua." (BENVENISTE, Émile. "A subjetividade na linguagem". p. 288)
"A escolha do romancista não é feita entre duas formas gramaticais, mas entre duas atitudes narrativas (...): fazer contar a história por uma de suas 'personagens' ou por um narrador estranho a esta história. A presença de verbos na primeira pessoa num texto narrativo pode, pois, reenviar para duas situações muito diferentes, que a gramática confunde mas que a análise narrativa deve distinguir: a designação do narrador enquanto tal por si mesmo (...) e a identidade de pessoa entre o narrador e uma das personagens da história." (GENETTE, Gérard, "Voz", p. 243)
À luz das questões trazidas por estas passagens, avalie as diferenças de organização narrativa entre as seguintes sequências:
BARTHES, Roland. "Introdução à análise estrutural da narrativa". In: Análise Estrutural da Narrativa;
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